30 de jun. de 2024

bandeira

 




não tremula a bandeira ao vento

tremula nos olhos de uma criança

traça na retina uma esperança

que tinge de verde o céu cinzento



afoga-se em sangue todo um povo

rasteja na terra onde não brota

nem urze nem cedro novo

apenas a marca do invasor - a bota



canto assim em versos que me vêm à mente

sinas de um povo que o mundo esqueceu

canto assim em versos pobres

a riqueza de um povo de que o mundo só se lembra

quando bombas riscam o céu como cometas

para espantar o sonho de uma terra

que era deles e devia ser deles

mas que deram a outros e esses outros

não têm por eles

senão a sede de destruir e matar



tremula nuns olhos tristes a bandeira

não tem mastro – apenas a retina

talvez de um menino talvez de uma menina

mas é só de uma criança a esperança

filho ou filha de um não-cidadão

filho ou filha de uma não-cidadã

da não-pátria palestina





28.6.2024

(Ilustração: bandeira da Palestina; foto da internet, sem indicação de autoria)


Você pode ouvir esse poema, na voz do autor, neste endereço de podcast:






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