3 de jul. de 2024

juramento falso

 





juro que eu gostaria de ser coerente

mas nenhum poeta digno desse nome

flertou um dia com esta senhora – a coerência

e os poucos que o fizeram

levaram na cara a gargalhada do destino

despirocaram do trapézio pitagórico

que balançava sob a lona estrelada



do circo de horrores chamado de vida e de outras coisas mais

caíram de bunda no espinheiro santo da coroa do crucificado



por isso – amado descontente de meus perjúrios –

aceite que meus versos sejam tortos

que meus olhos estejam mortos

[ainda que enxerguem estrelas arruinadas no fim da rua]

aceite que eu jure para você que deus não existe

e que rezo todos os dias para que isso seja verdade





12.9.2023

(Ilustração: Piet Mondrian)

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