juro que eu gostaria de ser coerente
mas nenhum poeta digno desse nome
flertou um dia com esta senhora – a coerência
e os poucos que o fizeram
levaram na cara a gargalhada do destino
despirocaram do trapézio pitagórico
que balançava sob a lona estrelada
do circo de horrores chamado de vida e de outras coisas mais
caíram de bunda no espinheiro santo da coroa do crucificado
por isso – amado descontente de meus perjúrios –
aceite que meus versos sejam tortos
que meus olhos estejam mortos
[ainda que enxerguem estrelas arruinadas no fim da rua]
aceite que eu jure para você que deus não existe
e que rezo todos os dias para que isso seja verdade
12.9.2023
(Ilustração: Piet Mondrian)
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