Bate o vento no arvoredo,
Para esconder de mim este segredo:
Por que morreram os que tinham de morrer?
Rola o tempo
Nas asas do vento,
Passam vultos pelos quintais,
E cada vez mais
Eu escondo em minha mente
A resposta que me faz temente:
Por que morreram os que tinham de morrer?
Não sei se choro
Ou apenas deploro
O tempo que reitero
Neste poema insincero
Que não satisfaz minha mente faminta
E faz que eu pressinta
Que o arvoredo que se agita ao vento
É apenas meu grito lançado a esmo,
O grito de angústia em que tento
Responder para mim mesmo:
Por que morreram os que tinham de morrer?
Sei que um dia,
Numa noite ou tarde fria,
(E não posso dizer talvez)
Chegará a minha vez,
[Diz o vento no arvoredo,
O vento que me traz medo],
E eu, que não sei por que vivo,
Direi do alto de minha morte
Que o lamento que cultivo
Não é por azar nem por sorte,
Mas por tudo quanto a vida
Já me fez sofrer.
Como não haverá nada mais a fazer,
Terei a maldita resposta, afinal,
Àquela pergunta fatal:
Morremos todos, porque temos de morrer.
27.6.2024
(Ilustração: Caravaggio)
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