(Jonas Odab - paisagem mineira)
Manhã na estrada, a rã
pula:
pula a mula.
I
Caminha o caminheiro
com seu passo
ligeiro.
I
O tempo
ao vento
é lento.
I
Na trilha,
o sol
mais que brilha.
I
O cão vadio:
a vida sempre
por um fio.
I
Canta o carro de boi
que a vida
ainda não se foi.
I
Constrói
o caminho
quem anda sozinho.
I
Montanhas
de Minas:
saudades traquinas.
I
No topo
do morro, num sopro:
socorro!
I
De cada caminho,
guardam os pés
um espinho.
I
Rasga a pele
o espinho que medra.
A alma, rasga-a a pedra.
I
Ao fim do caminho,
a cidade.
Ao fim do olhar, a saudade.
I
Seja por onde for,
leva o caminheiro
o seu amor.
I
O caminheiro o passo aperta
carregando no peito
a chaga aberta.
I
Caminheiro, esta a sina:
só dói quando caminha
esse amor que amofina.
I
No rosto
o vento que bate
só traz desgosto.
I
Cada passo
que avança
uma triste lembrança.
I
À noite,
na estrada, o vento
é açoite.
I
Dorme o corpo cansado:
não descansa o peito
desesperado.
I
Se sonha, estremece:
no sonho um olho preto
que o endoidece.
I
Cansado
como um cão vadio,
não sente dor nem frio.
I
Dia após dia,
noite após noite,
amor não cansa nem fia.
I
De novo na estrada,
segue triste o caminheiro
e mais nada.
I
Caminha, caminheiro,
caminha:
leva como sua
a dor que é a minha.
(Foto de Fátima Alves - paisagem mineira)
(quinta-feira, 10 de agosto de 2000)
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