Foi numa tarde meio à
toa
Soltei as asas pra
Lisboa
A visitar um tal
Pessoa
Veio a noite como açoite
Porta da tabacaria
Olho
olhava mas não via
Nem
o Tejo nem Leiria
Numa
autopsicografia
De
um vulto que a mim sorria
Corre
o rio, não reboa
Passa
calmo por Lisboa
Toco
o banjo aos quatro ventos
Por
Fernando e por Pessoa
Tudo
ali parece um sonho
Tudo
ali é tão tristonho
Na
cidade eu pressuponho
Que
haja um vulto mais medonho
Vindo
da Tabacaria
Versejando
poesia
De
uma boca que sorria
Várias
almas por Leiria
Assustava
e se perdia
Foi numa noite meio à toa
Soltei os versos pra Lisboa
A procurar um tal Pessoa
Lá
embaixo corre o Tejo
Embalando
o meu desejo
Rio
rei do meu harpejo
Leva
louco o que eu almejo
Numa
noite como açoite
Cidade
revisitei
Quantas
vezes eu não sei
Um
poema lhe direi
Que
o meu verso aqui é lei
Nessa
terra em que sou rei
Veio
da Tabacaria
Numa
autopsicografia
Essa
estranha poesia
De
um vulto que a mim sorria
Pois
embora inda me doa
Fujo
então dessa Lisboa
Do
rio que não reboa
Sem
Fernando e sem Pessoa
Na madrugada meio à toa
Perdi meus versos pra Lisboa
Ao procurar um tal Pessoa
(Letra para uma possível
canção. Se algum compositor se interessar em musicá-la, entre em contato
comigo, por favor).