(Bernadeth Rocha - meu mundo perfeito)
- Amigos? -
Não!
– Brigamos?
– Sim.
- Por quê?
– Não o sabes? – Assim?
- Não o sei
eu, também. Então, que
queres? –
As pazes... – Sim, sim, as pazes...
- Amigo? –
Sim. – Para sempre?
- Sim...
até as próximas pazes... amigos.
Assim no
coração da criança
a paz se
implanta. Já adulto,
não se
encanta, no entanto, de esperança
e o homem
perde, inculto,
o foguete
para a história.
Não mais
amigos,
religiosos!
Não mais
amigos,
políticos!
Não mais
amigos,
cidadãos!
E como
religiosos, políticos ou cidadãos,
mil
detalhes a acertar,
mil
palavras a atrapalhar,
mil
fronteiras a separar.
Paz?
Ah! A minha
paz, sim: assim,
sob o
punho, a minha idéia melhor que a sua!
Paz?
Ah! Sim,
fique sob o meu peso
o peso da
sua inexistência.
Paz?
Sim, claro,
não mais que minha
a sua
ideologia vá pentear macacos.
E assim, de
mão em mão,
de pedra em
pedra,
um muro,
uma vala, um livro de deus,
tudo a
todos distancia.
E a paz,
coitada, esconde o rosto
ao passear
entre os homens,
como a
perseguida de todas as gentes.
O gesto
inútil de conquistá-la
morre,
enfim, no pano verde
de todos os
jogos do homem:
história
apenas para boi dormir,
enquanto,
no entanto, cada criança
sonha e
morre em campos de batalha.
9.4.2004
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