(Taro Hata)
confesso que vi
vi e revi e vivi
o instante sublime
fugaz
intempestivo
inusitado
nunca esperado
os meus olhos
espantou-os a visão
e quase
quase
se recusaram a ver
mas vi
vi e olhei e observei
e espreitei
por detrás das folhas
do galho da jabuticabeira
o fruto negro engasgado na boca
eu vi e quase caí
me segurei
me arrepiei
e os pelos de minha virilha
enrijeceram
os meus olhos arregalaram
os meus doze anos pesaram
os galhos da jabuticabeira envergaram
e eu vi e revi e vivi
pela janela aberta
entrando no banho
a moça nuinha
nuinha
nua
eu
vi
15.10.2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário