4 de out. de 2016

lirismo antigo




(Vladimir Yurkin)





para lembrar a tepidez de tua alcova

recorro a versos de lirismo antigo

de lirismo velho e mal comportado

e escrevo este poema

quase uma cantiga d’amor



fui feliz entre teus braços

rolando sobre alfombras macias

fazendo amor em alcatifas de veludo

balbuciando palavras de lirismo de antanho

ao mordiscar de leve o bico dos teus seios



fui feliz entre tuas coxas

adentrando profundidades inconcebidas

gemendo os teus gemidos

alucinando tuas alucinações

ao percorrer teus úmidos caminhos



na tua alcova de alfombras e alcatifas

veludos de ventre e cochichos macios

minha boca em tua boca

meu sexo em teu sexo

veludos de ventre

veludosos vãos e escaninhos



endívias em doce azeite

à língua faminta oferecidas



pela alcova de veludos e alcatifas

apascenta estrelas o pastor com seu cajado



ocultas-me e revelo-te

dialeticamente antropofágicos

entredevoramo-nos como serpentes



coitos em valhacoutos veludosos

ventres liricamente livres

movimentos de aríetes e marés

dobras de cobras e pelúcias

cornos de lua e anfractuosidades

plenilúnio de bocas e bocas

preamares de anseios e gemidos

na tua alcova de alfombras e alcatifas

escorre a lava e da cinza o pó

o nada

e o lirismo besta a lembrar que ainda te amo



22.9.2016





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