23 de nov. de 2017

mistério da poesia




(Gustav Klimt _-_Wasserschlangen)







sinto o mistério da poesia na ponta de meus dedos

quando bato nas teclas do computador

letras que formam palavras

palavras que formam frases

frases que formam poemas

poemas que desvendam meus medos



sinto o mistério da poesia no fundo de meus olhos

quando vejo o mundo ao redor

o azul do espaço

tons de verde de heras e arvoredos

irisadas asas

peles que brilham



sinto o mistério da poesia quando ouço o riso de meu neto

sinfonias de beethoven

o choro do arroio ao vento da montanha

o pio da coruja e o marulhar das ondas

os passos na areia



sinto o mistério da poesia quando o vento traz perfumes de jasmim

de café quente com broa de milho assada em fogão de lenha

o cheiro de terra à primeira chuva da primavera



sinto o mistério da poesia quando em minha boca a jabuticaba

tem o mesmo gosto dos sumos do teu corpo

onde o doce amargo se desdobra em sal

e o prazer tem rugosidades de laranja em calda



e se me perguntas o que é poesia

sei apenas que cultivo o mistério

provo de seus encantos

desespero de seus desencontros

misturo-me aos prazeres sentidos

para achar em cada palavra que escrevo

não a poesia que se me escapa

mas a vida que vibra em mim

apenas porque tu existes



14.11.2017










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