depois de uma certa idade
chupar uma manga
é despertar desejos inauditos
sonhar artes de antanho
viajar por reentrâncias e carnalidades
ansiar por arrepios em peles rugosas
a língua se aguça ao perfume
o sabor enche os olhos de vales e vulcões
o macio do vermelho vivo
canta aos ouvidos o vento de nenúfares
a manga madura escorrega entre os dedos
como sonhos de entreveros e entreatos
e a idade do homem renasce em mistérios
de abismos e florescências amarelas
misericordiosos acordes de violoncelos
27.2.2018
(Ilustração: Jacqueline Secor)
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