o que era róseo fez-se negro
o que era plúmbeo fez-se amargo
o que era promessa fez-se pesadelo
e o tempo de olhos abertos deixou na boca
o gosto de pianos desafinados quando o frio
cobriu os ossos e arrepiou os pelos do corpo
na campa de plumas o olho não fechou
e tudo o que era passado se fez presente
no mesmo instante em que o perfume
apagou todas as lâmpadas e acendeu todas as velas
o náufrago viajou para a profundeza do abismo
de onde ele não sabe se voltará um dia
sem que o plúmbeo amargo da vida tenha desatado
todos os nós de imensos dias vazios e inúteis
em mais uma noite de solidão e lua nova
8.6.2018
(Ilustração: Alyssa Monks)
Surto surrealista, Mr. Sidney? Excelente.
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