16 de jun. de 2018

o meu silêncio








passo tantas vezes em silêncio por esses caminhos

que minha voz se torna rouca quando dela necessito

mas não te iludas com esse meu recolhimento e esse meu jeito

de nada dizer e andar por aí como pálida sombra

o meu cérebro fervilha de desencanto e protesto e sabe

que os tempos são difíceis e o pão é pouco a cada um

sofro e faço do silêncio a minha forma muda de dizer

que o mundo ao redor não tem o espaço de justiça

e as tão desgastadas esperanças de vida mais digna

sou o silêncio dos que não mais têm forças para gritar

sou o silêncio dos que ainda buscam no fundo do ser

a gota fatal da descrença e do ódio para levantar

quem sabe ao último estalar do chicote aquele grito

que estremecerá a mão que fere e fará nascer enfim

a flor lentamente gestada da revolta dos desesperados





13.6.2018

(Ilustração: Robert Fisher - Lyndhurst Eclipse II)



Nenhum comentário:

Postar um comentário