3 de jun. de 2020

respiro



basta um respiro da terra

para vir de novo a primavera

na sombra de ventos sutis



o verme que vagueia entre raízes

comove a chuva ao florir de lírios

e o brejo seco enfim borbulha

à alma de pássaros e delírios



também em ti depois da dor

nascem vontades e precipícios

luzes e sóis de momentos felizes



basta um respiro de teu desejo

para vir de novo o teu ensejo de vida

assim como ouvir na madrugada

um piano num concerto de chopin



8.4.2020

(Ilustração: Gustave Caillebotte)



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