ondeias teu corpo esguio pelo leito
como se fosses erguer tuas asas e voar
mas não tens asas – amada colhida no gesto perfeito
do meu espanto e do meu esgar
no gozo de ver-te assim entregue à luxúria de meu mais profundo desespero
sigo teus movimentos e busco no fundo dos teus olhos o tempero
- esse maligno tempero que me leva – eu o chumbo do teu riso –
suspenso nas águas paradas do lago como um redivivo narciso
e depois nas nuvens de fogo com que me abrasas
a fugir de mim mesmo como pena arrancada do teu dorso
anjo ou demônio em ti e contigo sobre a terra e sobre o mar
porque embora não tenhas tu mesma as tuas asas
emprestas-mas para que eu possa no teu gozo voar
4.4.2021
(John W. Russell; A Modern Fantasy, 1927)
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