despetala-se a rosa ao toque da taturana
abre-se a corola para colher o coleio
de oblíquas delícias em pelos urticantes
no centro a larva enfim borboleteia
o futuro ao bico de aves famintas
pássaros e fogo fundidos no gozo
no jardim do éden nos espreita
o poeta nu brincando de adão
com sua eva a fornicar na grama
teu cheiro enjoa no arrepio
da tarde que esquenta e se inflama
somos tu e eu no concerto da primavera
o espanto de amantes de outrora
que se beijam e se amam na espera
de que se transforme a nossa chama
na semente definitiva da aurora
26.11.2020
(Ilustração: William Blake: satã, amor, Adao e Eva)
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