quando eu era jovem eu fui velho
agora que sou velho eu sou jovem
mas o corpo não sincroniza uma idade com a outra
não adianta ser isto ou aquilo
quando o jovem que se vê um velho
não viveu porra nenhuma
não adianta ser isto ou aquilo
quando o velho que se vê jovem
não tem no corpo porra nenhuma de vigor
(o exato sentido disto ou daquilo é ser o que se é sem correr atrás de ventos que não movem moinhos quando os moinhos não estão com suas pás na direção correta)
talvez seja besteira
talvez seja bobeira
pensar uma coisa e sentir outra
ou sentir o que não se é
o sentimento não muda a realidade
nem a realidade matura o sentir
ser apenas o que se é
talvez seja o elixir que está na taça da vida de cada um
e bebê-lo seja a única escolha
o pós-escrito inútil:
derramá-lo (ao elixir) é buscar o espanto
e nem sempre o espanto da vida
consegue trazer vida a um coração machucado
21.11.2021 (São Vicente / SP)
(Ilustração: Britto Velho - fotoded Nathalia Sasso)
Ouça esse poema na voz do autor, Isaias Edson Sidney, num destes endereços:
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