29 de dez. de 2021

estranhos

 




estranhos num tempo estranho

trepam como gatos vadios

pelos becos escuros

agonizam seus orgasmos

nos trilhos retos de trens elétricos

brincam pelas matas ao som dos grilos

tosam seus pelos nos fornos siderúrgicos



são apenas estranhos num tempo estranho

espantalhos em campo de milho

braços abertos um para o outro

esquecidos agora de todos os antigos folguedos

a murmurar ao vento seus vazios segredos



19.6.2021

(Ilustração: escultura de Javier Marín)


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