quero o silêncio do último canto do grilo
quero o silêncio do desabrochar da pétala de rosa
quero o silêncio do último suspiro
da corda de um violino na última nota do concerto
quero o silêncio do ponto no final de uma trova
quero o silêncio da lua nova
quando eu possa sozinho dentro de mim
exsudar de meus olhos em gotas de alecrim
o desejo de que um dia essa lua e as estrelas
surjam no céu das minhas tardes de espanto
e quando eu pudesse vê-las
através do meu pranto
que essas lágrimas dissessem de cada dia da minha vida
em que não pude mitigar
em que não pude curar
dentro do meu peito esta estranha ferida
2.11.2021
(Ilustração: Oswaldo Guayasamín - prisionero, 1949)
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