pelos campos viceja o azevinho
enquanto no meu quarto a noite
enche o copo e o meu corpo de vinho
e a saudade bate o seu açoite
no peito ferido de estranhas paixões
cobrindo de sangue o pelourinho
onde deixo exangues impressões
de um tempo de luz e pavor
das noites e pernoites de desamor
entre pústulas de gozos esfomeados
no delírio torpe de meus espantos
no fetiche dos teus encantos
na cruz de fogo de teus abraços
enquanto nos campos o azevinho
decora de cores e vinho
o estranho olhar que tece os laços
da minha vida como a rede
que prende meu destino para sempre
na fogueira que arde sob a trempe
e com estrépito projeta na parede
a sombra do meu desejo perdido nas trevas
pelo olho com que me olhas e me entrevas
4.9.2021
(Ilustração: Alyssa Monks)
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