havia na mata uma trilha que levava à cachoeira
e quando o menino descalço contava os passos até lá
pisando pedras e espinhos que lhe marcavam os pés
sentia aquele gosto na boca que a liberdade dá
um prazer hoje esquecido no calor do asfalto da grande
cidade
o canto do pássaro na garganta
misturava-se ao canto das águas nas pedras do poço
e agora o som de buzinas flutua acima do cheiro de
petróleo
filho do menino da cachoeira
o adulto esconde os cabelos brancos
sob a memória que aflora da vida triste de agora
e afoga as lembranças das tardes de mato e de sol
em águas que os pássaros da garganta do menino não bebem
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