nos pauis dos meus pensamentos
onde nascem lírios brancos e centopeias negras
mergulha o meu tempo de ainda existir
e desse tempo brotam verdades entrançadas
entre raízes podres e peixes mortos
para ameaçar os sonhos de desesperados corações
perdidos nos descaminhos de deuses enterrados
nas profundezas da lama mais funda
ouvem-se nos meus ouvidos todos os gritos fúnebres
da desesperança e das agruras dos caminheiros e mergulhadores
perdidos e enredados nos meandros
das patifarias dos padres e pastores e profetas perversos
que têm mais mentiras em suas línguas viperinas
do que têm pernas as visguentas centopeias negras
14.8.2021
(Ilustração: Clovis Trouille, Dialogue au Carmel, 1944)
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