quando de repente escrevo
que tudo quanto lhe devo
são meus ais
e todos os meus versos não são mais
do que esperanças ocas
– muito poucas –
só as que deixam marcas nas estradas vazias
por onde caminho todos os dias
é porque nesse instante transcrevo
nas três folhas de um trevo
o poema fatal
que começa assim
- sou para você o eterno mal
enquanto você corrói por dentro de mim
a minha carne apodrecida e sem sal
6.11.2021
(Ilustração: Zdzisław Beksiński)
Nenhum comentário:
Postar um comentário