7 de dez. de 2022

poema fatal

 





quando de repente escrevo

que tudo quanto lhe devo

são meus ais

e todos os meus versos não são mais

do que esperanças ocas

– muito poucas –

só as que deixam marcas nas estradas vazias

por onde caminho todos os dias

é porque nesse instante transcrevo

nas três folhas de um trevo

o poema fatal

que começa assim

- sou para você o eterno mal

enquanto você corrói por dentro de mim

a minha carne apodrecida e sem sal



6.11.2021

(Ilustração: Zdzisław Beksiński)

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