teu corpo – dádiva florescente para meus anos tardios
ainda que macerado pelo tempo que escorreu por entre tuas pernas
despeja anseios não declarados de paciência e paz
nos entremeios de um caminho que se estreita
teu corpo – tranquiliza-me o percorrer teus desvios
responde aos toques de alfazema de futuros ignorados
depõe em meus olhos o espanto de descobertas
e o instinto renovado de permanências e imanências
teu tranquilo tremor de porto seguro para meus poucos arroubos
faz arder a sarça de fogo que as chuvas de verões passados apagaram
e de novo o tempo acende o futuro e o espasmo de vulcões adormecidos
sou por teu corpo o caminheiro que um dia se perdera
e na tua entrega de lago de lua cheia navega em busca de si mesmo
para alcançar enfim paz das flores que só vicejam no inverno
27.8.2021
(Ilustração: Adrien-Jean Le Mayeur de Merpres)
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