nem sempre voltamos
para os braços de nossos amigos e amigas
nem sempre voltamos
para os braços de nossos irmãos e irmãs
nem sempre voltamos
para os braços de namoradas ou namorados
nem sempre voltamos
para os braços de nossos noivos ou noivas
nem sempre voltamos
nem mesmo para os braços e abraços de nossos cônjuges
mas para os braços de nosso pai
mas para os braços de nossa mãe
sempre
sempre voltamos
porque são braços eternos
eternos braços abertos
para os nossos abraços de filhas e filhos
mesmo quando nós os filhos e as filhas nos perdemos
por caminhos nunca por eles traçados
por caminhos nunca por eles desejados
por isso quando os braços de filhos e filhas se cruzam sobre si mesmos
ficam os braços abertos de pais e mães e de mães e pais eternamente molhados
no vazio do vazio de mares vermelhos e neste vazio para sempre angustiados
30.12.2021
(Ilustração: Piet Mondrian - o moinho vermelho, 1910)
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