15 de dez. de 2022

poema sentimental

 




nem sempre voltamos

para os braços de nossos amigos e amigas



nem sempre voltamos

para os braços de nossos irmãos e irmãs



nem sempre voltamos

para os braços de namoradas ou namorados



nem sempre voltamos

para os braços de nossos noivos ou noivas



nem sempre voltamos

nem mesmo para os braços e abraços de nossos cônjuges



mas para os braços de nosso pai

mas para os braços de nossa mãe

sempre

sempre voltamos



porque são braços eternos

eternos braços abertos

para os nossos abraços de filhas e filhos

mesmo quando nós os filhos e as filhas nos perdemos

por caminhos nunca por eles traçados

por caminhos nunca por eles desejados



por isso quando os braços de filhos e filhas se cruzam sobre si mesmos

ficam os braços abertos de pais e mães e de mães e pais eternamente molhados

no vazio do vazio de mares vermelhos e neste vazio para sempre angustiados



30.12.2021

(Ilustração: Piet Mondrian - o moinho vermelho, 1910)

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