9 de dez. de 2022

Poema indesejável








Cristo morreu. Dizem que era um deus.

Mas morreu. Não importa como: morreu!



Buda era profeta. Dizem que poderoso.

Mas morreu. Não importa como: morreu!



Galileu Galilei escapou da inquisição.

Mas morreu. Não importa como: morreu!



Zumbi dos Palmares lutou por seu povo

Mas morreu. Não importa como: morreu!



Frida Khalo sofreu e pintou seu sofrimento.

Mas morreu. Não importa como: morreu!



Hemingway foi à guerra. Enfrentou a tirania.

Mas morreu. Não importa como: morreu!



Martin Luther. Foi a voz poderosa dos negros.

Mas morreu. Não importa como: morreu!



Fidel Castro libertou seu povo. Parecia eterno.

Mas morreu. Não importa como: morreu!



Morreram deuses e morreram sábios.

Morreram o coveiro e o menino de rua.

Morre a atriz e morre o ator. Não importa a fama.

Morreram!

Morrerá amanhã a rainha da Inglaterra.

Morreremos todos. Morreremos!

E a Terra – que gira em torno do Sol há... quanto tempo? –

Morrerá também. E o Sol. E as estrelas. E o Universo

Morrerá talvez num buraco negro.

Sabe-se lá por quê.

Morre-se. E é só isso a vida.




21.5.2021

(Ilustração: Gustave Courbet - A Burial at Ornans)

Um comentário:

  1. Enquanto há vida há poder! Depois , são só lembranças! Boa reflexão!

    ResponderExcluir