14 de jan. de 2023

ah oui paris

 






ah oui

paris

que je la vu

dans l’écran du cinéma

ah paris

onde eu fui feliz

sem nunca ter ido lá

je sais que le temps ici

são tempos de silêncio em noites sem lua

quando a morte ronda a rua

e nada pulsa de alegria

nem aqui

nem ali

chaque nouvelle poesie

que brotava da lágrima seca que abria

buracos negros nos quadrados soturnos

era a triste poesia para os olhos dos ratos noturnos

que brilhavam sob a luz azul

de velas brancas sob o céu de paris

mas era apenas o meu país

afundando num imenso paul

je m’embrasse dans la nuit

et je t’embrasse dans l’espace

sentindo no pescoço o aperto do laço

esperando apenas que me enlace

o beijo da morte

a morte no seu lento passo

nesse tempo de mala sorte

nesse tempo de bites e bytes

quando por days and nigths

ainda troam surdas as dinamites

da primeira guerra mundial

pelas ruas de paris

canta o galo uma noite feliz

ao pé da cova rasa de meu país

declamam os loucos poemas de baudelaire

sonha o general nas asas da panair

je ne sais rien de rien mon amour

quando o tempo fecha sobre o tour

de turistas gregos no cristo redentor

beijo os seios de brigitte bardot

na tela de cinema do interior

e só o que quero de ti

mon amour pour toujours

que esqueças o tempo perdido em paraty

em festas literárias

e que da pele do teu tambor

brotem batidas menos ordinárias

para que o canto deste triste país

tenha esperança em vez de pavor

e eu possa dizer para ti

que dançaremos um dia sur le ciel de paris

sim mon amour sob o céu de paris

sob o céu de paris

o céu de paris

ah paris

onde um dia fui feliz

dans l’écran du cinéma

feliz em paris

mois même oui mois

heureux à paris

ouvindo o piano de satie

sem nunca ter ido lá



1.11.2021


(Ilustração: Camille Pissarro: Le Boulevard Montmartre, fin de journé)

 

 (Você pode ouvir esse poema, na voz do autor, neste link: 

https://open.spotify.com/episode/4XpwJt4cyKDflt90WcNjrP?si=4a7beaecf9be4253)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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