ah oui
paris
que je la vu
dans l’écran du cinéma
ah paris
onde eu fui feliz
sem nunca ter ido lá
je sais que le temps ici
são tempos de silêncio em noites sem lua
quando a morte ronda a rua
e nada pulsa de alegria
nem aqui
nem ali
chaque nouvelle poesie
que brotava da lágrima seca que abria
buracos negros nos quadrados soturnos
era a triste poesia para os olhos dos ratos noturnos
que brilhavam sob a luz azul
de velas brancas sob o céu de paris
mas era apenas o meu país
afundando num imenso paul
je m’embrasse dans la nuit
et je t’embrasse dans l’espace
sentindo no pescoço o aperto do laço
esperando apenas que me enlace
o beijo da morte
a morte no seu lento passo
nesse tempo de mala sorte
nesse tempo de bites e bytes
quando por days and nigths
ainda troam surdas as dinamites
da primeira guerra mundial
pelas ruas de paris
canta o galo uma noite feliz
ao pé da cova rasa de meu país
declamam os loucos poemas de baudelaire
sonha o general nas asas da panair
je ne sais rien de rien mon amour
quando o tempo fecha sobre o tour
de turistas gregos no cristo redentor
beijo os seios de brigitte bardot
na tela de cinema do interior
e só o que quero de ti
mon amour pour toujours
que esqueças o tempo perdido em paraty
em festas literárias
e que da pele do teu tambor
brotem batidas menos ordinárias
para que o canto deste triste país
tenha esperança em vez de pavor
e eu possa dizer para ti
que dançaremos um dia sur le ciel de paris
sim mon amour sob o céu de paris
sob o céu de paris
o céu de paris
ah paris
onde um dia fui feliz
dans l’écran du cinéma
feliz em paris
mois même oui mois
heureux à paris
ouvindo o piano de satie
sem nunca ter ido lá
1.11.2021
(Ilustração: Camille Pissarro: Le Boulevard Montmartre, fin de journé)
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