Para nós – humanos – a noite
Chora mais mistérios
Que uma sinfonia de Mahler
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Não há felicidade no brilho das estrelas
Há apenas para os nossos olhos mortos
O brilho das estrelas
No espaço profundo
Profundo o espaço profundo
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Que girem anéis de planetas distantes
Em torno de gigantes planetas distantes
O sono do humano é profundo
Profundo o espaço em volta
Em trilhões de anos luz
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Toca-se Mahler em sons profundos
De mistérios da vida e das galáxias
Pensa o humano consigo
Na solidão da solidão de sua voz inútil
Que uma sinfonia de Mahler toca o abismo profundo
O abismo profundo da alma do ser humano
A alma deslavada do ser humano que nunca teve alma
Nem abismos onde mergulhe e se afogue
Mesmo que ouça mil vezes a sinfonia de Mahler
Mesmo que olhe mil vezes o abismo de Nietzsche
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Para nós – humanos – os mistérios da noite
São apenas mistérios da noite
E se pensamos nos mistérios da noite
Pensamos apenas nos nossos próprios mistérios
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E não é preciso ouvir Mahler
Para concluirmos que nós – os humanos – ainda que
Pensemos em nossos mistérios
Não temos mistérios nenhuns
Temos apenas a vida a ser vivida
E a música de Mahler
Que nunca deveria ter sido ouvida
12.3.2023
(Ilustração: Max Oppenheimer (1885-1954):
Gustav Mahler conducts the Vienna Philharmonic)
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