4 de mai. de 2023

Sinfonia de Mahler

 




Para nós – humanos – a noite

Chora mais mistérios

Que uma sinfonia de Mahler



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Não há felicidade no brilho das estrelas

Há apenas para os nossos olhos mortos

O brilho das estrelas

No espaço profundo

Profundo o espaço profundo



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Que girem anéis de planetas distantes

Em torno de gigantes planetas distantes

O sono do humano é profundo

Profundo o espaço em volta

Em trilhões de anos luz



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Toca-se Mahler em sons profundos

De mistérios da vida e das galáxias

Pensa o humano consigo

Na solidão da solidão de sua voz inútil

Que uma sinfonia de Mahler toca o abismo profundo

O abismo profundo da alma do ser humano

A alma deslavada do ser humano que nunca teve alma

Nem abismos onde mergulhe e se afogue

Mesmo que ouça mil vezes a sinfonia de Mahler

Mesmo que olhe mil vezes o abismo de Nietzsche



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Para nós – humanos – os mistérios da noite

São apenas mistérios da noite

E se pensamos nos mistérios da noite

Pensamos apenas nos nossos próprios mistérios



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E não é preciso ouvir Mahler

Para concluirmos que nós – os humanos – ainda que

Pensemos em nossos mistérios

Não temos mistérios nenhuns

Temos apenas a vida a ser vivida

E a música de Mahler

Que nunca deveria ter sido ouvida



12.3.2023

(Ilustração: Max Oppenheimer (1885-1954): 
Gustav Mahler conducts the Vienna Philharmonic)





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