no telhado do meu desejo uma gata no cio
reflete nos olhos de espelho o brilho das estrelas fugidias
dentro da noite - esquecida do frio
por seus trejeitos de felina -
corre sua unha assassina
por minhas costas arrepiadas de espanto
traça caminhos leitosos de espuma e pranto
cada movimento lunar de suas pernas
aperta-me os rins e sou tragado para seus abismos
amantes enlaçados para sempre nas noites eternas
do universo fechado de nosso acalanto
placas teutônicas sob nossos corpos provocam os sismos
do gozo fatal refletido nos seus olhos de gata no cio
cai a chuva das estrelas distantes
transborda o rio
expele o vulcão a lava que nos encobre
e arrebenta o dique represado durante os anos de exílio e saudade
para terminar esse poema numa rima pobre
na explosão da nossa felicidade
19.10.2021
(Ilustração: Hannah Yata - Crazy Erotic Paintings)
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