11 de ago. de 2024

noite de reis

 





delira o menino

é noite de reis



o cortejo ilumina

as pedras do caminho

e levanta a poeira

pelas ruas dos pobres



delira o menino

nessa noite de reis



a congada desata

visões de lonjuras

somente sonhadas

cabanas - baobás



dos negros rostos

de cada brincante

escorrem os rios

de áfricas leoninas



ao passo marcado

ao som dos tambores

giram estandartes

na dança dos santos



alucina o menino

pela noite de reis



seus olhos abrasam

e a rua iluminam

ao repique da viola

ao bailado das cores



insuflam-se ao vento

as saias rodadas

máscaras que dançam

misturam-se às cores



espreitam no céu

estrelas fugitivas

do cinza das nuvens

fulge em luz a lua



adormece o menino

na noite de reis



manhã de sol claro

acorda o menino

na sua lembrança

o som de atabaques

da noite de reis



que viu o menino?

por seus olhos baços



nem cores nem brilhos

não viu o menino

fechada em seus olhos

apenas a noite

(a noite de reis)







12.2.2024

11.8.2024

(Ilustração: Márcio José Cintra - Congada)

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