delira o menino
é noite de reis
o cortejo ilumina
as pedras do caminho
e levanta a poeira
pelas ruas dos pobres
delira o menino
nessa noite de reis
a congada desata
visões de lonjuras
somente sonhadas
cabanas - baobás
dos negros rostos
de cada brincante
escorrem os rios
de áfricas leoninas
ao passo marcado
ao som dos tambores
giram estandartes
na dança dos santos
alucina o menino
pela noite de reis
seus olhos abrasam
e a rua iluminam
ao repique da viola
ao bailado das cores
insuflam-se ao vento
as saias rodadas
máscaras que dançam
misturam-se às cores
espreitam no céu
estrelas fugitivas
do cinza das nuvens
fulge em luz a lua
adormece o menino
na noite de reis
manhã de sol claro
acorda o menino
na sua lembrança
o som de atabaques
da noite de reis
que viu o menino?
por seus olhos baços
nem cores nem brilhos
não viu o menino
fechada em seus olhos
apenas a noite
(a noite de reis)
12.2.2024
11.8.2024
(Ilustração: Márcio José Cintra - Congada)
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