Assim que voltares
Assim que voltares
das serenas plagas onde sonhas,
retira do peito o coração
que te ama
e sopra um pouco de paz
à mente conturbada que te espera.
Assim que voltares
das esferas celestes onde como anjo
ou demônio disfarçado
reinas,
reacende nos olhos
que só têm luz para ti
a visão de paragens outras que não
os teus próprios olhos.
Assim que voltares
de zonas proibidas de desejos e entregas,
transporta de teus revoltos mares
para a praia do meu esgar
a rosa-dos-ventos do destino,
para que, enfim, livre de ti,
este coração que pulsa no teu ritmo
readquira
a real capacidade de te amar.
17.6.93
(Ilustração: Picasso)
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