Sim, mil vezes sim, minha senhora
Sim, mil vezes sim, minha senhora,
devo dizer-te quanto te amo,
sujeite o coração, embora
a perder tudo quanto reclamo.
Teu desprezo, no entanto, torna inútil,
as vezes mil tantas repetidas
as palavras doces do meu verso inútil
a pedir-te sempre que tu decidas.
Sei, senhora, que me amas. Não dizes
porque te persegue o medo de meu amor.
Mas, não sabes que em meio a tantas crises,
tenho sempre meu coração a teu dispor.
Se te busco e tu me foges, mais aumenta
no peito a dor de te ver indiferente.
Peço-te, mil vezes, peço-te: experimenta,
uma vez apenas deixar-me contente.
Verás, então, senhora, quanto tempo
perdeste no capricho de teu medo,
ao sentires mais forte que o vento
esse amor que insistes em matar tão cedo.
14.6.93
(Ilustração: Picasso)
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