(Odilon Redon)
meu olho é meu inimigo
e preciso ficar de olho nele
mas o olho que vigia
é o mesmo olho vigiado
por isso já não sei
se minha mente ainda confia
que esteja tudo concertado
entre os dois que são um só
que vire e revire o globo
ocular, que vire e se revire sem dó,
não quero que faça de bobo
o olho vigiado ao olho que vigia
ainda que ambos sejam um só
se fica torto o olho vigiado
que fique torto o olho que vigia
só não quero ser eu o logrado
a não ver em pleno dia
o que nunca vejo de madrugada
e cego como morcego
perca a paciência e o sossego
levando tombos pela estrada
que vigie o olho ao olho
que ao olho o outro olho confie
não fique eu assim zarolho
tropeçando em cada pedra
sei que cada olho que nega
enxergar menos que o outro
esconde em cada prega
a doença que me cega
então que o olho vigiado
seja cúmplice do que vigia
e também vigie por seu lado
dia e noite e noite e dia
24.4.2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário