15 de dez. de 2017

quatro estações



(Henri de Toulouse-Lautrec)



despetalo-me a teus pés

folha inútil na terra repisada e dura

de novo alimento de tuas raízes

enquanto te despes e te encolhes

embrutecendo tuas seivas em veias tensas



enrodilho-me a teus pés

esquecendo o vento que te fustiga

vergando-me à chuva e à névoa fria

sou teu manto de estrelas fugidias

tiritando o espanto de teus olhos mortos



abro para ti meus nervos gastos

corola em prantos de musgos e chuvas

ao beijo da brisa a vida que se guardou

nas tuas fibras o veneno do renascimento

escravo que te liberta aos sismos de gozos fáceis



compartilho-me contigo em banquetes de sal

o vento a brilhar na ponta de estrelas antigas

teu ventre em bulbos explode os espantos

de novos horizontes em fogo de sóis famintos

sou enfim teu mais ansiado espasmo o teu fim


9.9.2017




Nenhum comentário:

Postar um comentário