6 de jan. de 2018

brejo das almas








nas noites de lua nova almas penadas

povoam meu cérebro e por ele passeiam

penso nas penas que cumprem penando

pelos pensamentos de meu cérebro

pois o pouco de pecados que lhes pertence

dispõe-nos todos à vontade de meu cérebro

sou-lhes grato às almas penadas

por carregarem minhas penas tantas

como se fossem delas e permaneço

no meu estado estável de inconsciência

permanente e pouco dado a perdas

irrecuperáveis – das almas penadas

a perderem-se nos abismos de meu cérebro

pouco permanece no meu pensamento

desprezo-me a mim e às penas pétreas

procuro pouso na lua nova das almas penadas

no breu de becos assustados de crimes

que não se perdoam e passo pela noite

espessa como um expresso sem parada

afogando no brejo da lua nova as minhas

penadas almas perdidas no meu cérebro




11.11.2017


(Ilustração:  Luc Lafnet  -1899-1939)



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