3 de dez. de 2018

lua cheia






à luz da lua cheia eu sinto o cheiro do vento

na serra da mantiqueira entre pedras e musgos

mesmo estando agora deitado em minha cama

a centenas de quilômetros de seus picos e vales

e somente à força da imaginação minhas narinas

se abrem ao cheiro de mato e ao cheiro de terra

pisando as flores do caminho que se constrói

na medida dos meus passos de poeta da cidade

que há muito perdeu o jeito matreiro de andar

sob a lua que flutua sobre a sombra dos vales

deixando um rastro de saudade em cada tropeço

porque sangra ainda o meu coração na lembrança

de amores distantes perdidos na serra da mantiqueira









22.10.2018 

(Ilustração: Samuel Palmer)

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