à luz da lua cheia eu sinto o cheiro do vento
na serra da mantiqueira entre pedras e musgos
mesmo estando agora deitado em minha cama
a centenas de quilômetros de seus picos e vales
e somente à força da imaginação minhas narinas
se abrem ao cheiro de mato e ao cheiro de terra
pisando as flores do caminho que se constrói
na medida dos meus passos de poeta da cidade
que há muito perdeu o jeito matreiro de andar
sob a lua que flutua sobre a sombra dos vales
deixando um rastro de saudade em cada tropeço
porque sangra ainda o meu coração na lembrança
de amores distantes perdidos na serra da mantiqueira
22.10.2018
(Ilustração: Samuel Palmer)
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