9 de dez. de 2018

noturno número 10







no meio da noite por trás das nuvens finas a luz da lua

o rendilhado etéreo das folhas da pitangueira acentua

num leve e sedoso balançar ao vento que vem do sul

o som do vento mal se ouve ao longo do gramado à soleira

da porta que se abre ao sonho e à esperança agora azul

que brota da fonte da memória para um lugar qualquer

no meio da montanha o caminho de pedra e o canto agônico

de um pássaro ferido ao qual se junta o ritmo sinfônico

dos meus pés nas pedras e do som pelo vento abafado

das batidas do meu coração em busca dos olhos da mulher

que uma vez iluminou à luz da lua este coração angustiado




26.11.2018


(Ilustração: Konstantin Somov - masquerade)



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