19 de dez. de 2018

pesadelo







trancado dentro de mim 

fechado em meu quarto escuro 

meu corpo assimila os ruídos da noite 

são terríveis e assombrosos os ruídos da noite 

perpassam pelos meus ossos 

fantasmas de outrora revividos agora 

tenebrosos na surdez de seus estampidos 

não dão trégua aos batimentos do coração 

a amarga recompensa que evocam 

não alivia o sono nem recupera o pesadelo 

assombram o desejo de tempos remotos 

o estalido da madeira na casa por um fio 

o pigarro do avô e o susto materno 

o pulo o grito o não saber o que ocorre 

o espanto de um desastre interrompido 

o sangue gelado nas veias esperando o amanhecer 

o menino de doze anos subindo à claraboia 

a escorar com um padeço de pau 

a cumeeira rompida pronta para desabar 

e depois o nada o sono o vento o frio a noite 

trancado dentro de mim no meio da noite 

os ruídos da madrugada arrepiam a memória 








30.11.2018


(Ilustração: Odilon Redon)


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