trancado dentro de mim
fechado em meu quarto escuro
meu corpo assimila os ruídos da noite
são terríveis e assombrosos os ruídos da noite
perpassam pelos meus ossos
fantasmas de outrora revividos agora
tenebrosos na surdez de seus estampidos
não dão trégua aos batimentos do coração
a amarga recompensa que evocam
não alivia o sono nem recupera o pesadelo
assombram o desejo de tempos remotos
o estalido da madeira na casa por um fio
o pigarro do avô e o susto materno
o pulo o grito o não saber o que ocorre
o espanto de um desastre interrompido
o sangue gelado nas veias esperando o amanhecer
o menino de doze anos subindo à claraboia
a escorar com um padeço de pau
a cumeeira rompida pronta para desabar
e depois o nada o sono o vento o frio a noite
trancado dentro de mim no meio da noite
os ruídos da madrugada arrepiam a memória
30.11.2018
(Ilustração: Odilon Redon)
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