27 de jan. de 2019

humanidade






não há a mínima possibilidade

de que a humanidade

venha um dia dar certo

quanto mais perto

se chega de um ser humano

mais desengano

mais um monstro aparece

a ladeira pela qual ela desce

não tem fim nem aqui nem na lua

a estupidez que flutua

no cérebro líquido de cada ser humano

torna-o cada dia mais um boneco de pano

um fantoche meio sem jeito

a pular como macaco de galho em galho

ou talvez seja mesmo um espantalho

esse grotesco arremedo de símio

que não tem do primo nem o exímio

raciocínio de usar uma ferramenta

que o torne menos tosco menos bruto

tudo o que faz é apenas o fruto

de um arremedo de civilização

o ser humano como bicho bobão

vai se destruir ao destruir onde mora

sendo estúpido até mesmo na hora

em que solta suas bombas de hidrogênio

sentindo-se como um gênio

que encaixa um prego num furo

destruindo o seu próprio futuro





3.12.2018


(Ilustração: Luca Signorelli, cappella di san brizio - eletti in paradiso - detalhe)






(Você pode ouvir esse poema, na voz do autor, no Podcast cujo link é:

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