não há a mínima possibilidade
de que a humanidade
venha um dia dar certo
quanto mais perto
se chega de um ser humano
mais desengano
mais um monstro aparece
a ladeira pela qual ela desce
não tem fim nem aqui nem na lua
a estupidez que flutua
no cérebro líquido de cada ser humano
torna-o cada dia mais um boneco de pano
um fantoche meio sem jeito
a pular como macaco de galho em galho
ou talvez seja mesmo um espantalho
esse grotesco arremedo de símio
que não tem do primo nem o exímio
raciocínio de usar uma ferramenta
que o torne menos tosco menos bruto
tudo o que faz é apenas o fruto
de um arremedo de civilização
o ser humano como bicho bobão
vai se destruir ao destruir onde mora
sendo estúpido até mesmo na hora
em que solta suas bombas de hidrogênio
sentindo-se como um gênio
que encaixa um prego num furo
destruindo o seu próprio futuro
3.12.2018
(Ilustração: Luca Signorelli, cappella di san brizio - eletti in paradiso - detalhe)
(Você pode ouvir esse poema, na voz do autor, no Podcast cujo link é:
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