os odores de um tempo perdido
nas badaladas de um relógio antigo
o cheiro de chuva chovendo sobre o pó
eflúvios de passos e gotas de âmbar
o tempo de repente pregado na parede
pintada de branco com a cal das lágrimas
uma fruta negra colada ao tronco
o bem-te-vi bicando o fruto da mangueira
a cerca de arame farpado e o bambuzal
um riacho de águas estranhas e um barranco
de areias com veios de ouro e prata
odores de jambo caído do bico do pássaro
a chuva chove a lágrima no canto do olho
desce o barquinho de papel na enxurrada
o sonho de hoje reverbera o passado
de passos e pessoas perdidas no tempo
2.1.2020
(Ilustração: foto de Chema Madoz)
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