23 de jan. de 2020

velho cemitério








o espanto das flores mortas

sobre túmulos desconhecidos

cruzes negras de crenças ancestrais

a abelha rainha no tronco da acácia

o carcomido arcanjo sem dentes

a abrir as asas rotas sob o vento

velho e abandonado cemitério

onde jazem sombras de pesos mortos

os gonzos de enferrujados portais

não mais se abrem ao olhar atento

tudo o que se vê são ruínas

de ossários há séculos abandonados

ao sol crepuscular de cidades mortas

entre alamedas de cruzes onde um dia

uma procissão de fantasmas obscuros

enterrou na tumba sem número

as esperanças de qualquer passo

que pisasse rumo a um amanhecer



28.11.2019 



(Ilustração: Marie Egner - old cemetery - c.1883/4)

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