o espanto das flores mortas
sobre túmulos desconhecidos
cruzes negras de crenças ancestrais
a abelha rainha no tronco da acácia
o carcomido arcanjo sem dentes
a abrir as asas rotas sob o vento
velho e abandonado cemitério
onde jazem sombras de pesos mortos
os gonzos de enferrujados portais
não mais se abrem ao olhar atento
tudo o que se vê são ruínas
de ossários há séculos abandonados
ao sol crepuscular de cidades mortas
entre alamedas de cruzes onde um dia
uma procissão de fantasmas obscuros
enterrou na tumba sem número
as esperanças de qualquer passo
que pisasse rumo a um amanhecer
28.11.2019
(Ilustração: Marie Egner - old cemetery - c.1883/4)
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