navega o meu barco pelo asfalto
em busca de um tempo num espaço
que o vento que varre o cérebro levou
para debaixo de tapetes tecidos de teias
de aranhas caranguejeiras e carrancas
de místicas viagens por rios imaginários
onde o setestrelo fulgia noites sem lua
e as ondas de vento ventavam cheiros de mar
montanhas verdes de esmeraldas cobiçadas
e ouros jamais em joias transformados
altares de jesus crestados em custódias
de hóstias outrora consagradas
aos prepúcios de pérolas em rosários
de purezas e porosidades carunchosas
nas tábuas da lei o verso consagrado
desonrado do meu barco que busca
pelas pedras do caminho de outrora
o porto seguro que mudou de lugar
e a navegação do vento inútil depara
com o muro das águas endurecidas
nos olhos vazados de vontades impolutas
essa viagem de volta só existe
no laivo de arrogância e desejo inefáveis
nunca voltarei
18.1.2020
(Ilustração: vista antiga da cidade de Lavras/MG)
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