vencer o tempo
vê-lo corcovear entre nossos joelhos
cavalo chucro para sempre à rédea
voar ao encontro das estrelas
a bordo de uma nave oca e sem sombra
ir e vir como se a distância
tivesse deixado de existir afinal
vencer o tempo
acoitá-lo em nossos braços como um gato
que apenas ronrone e adormeça
deixando o sonho para os nossos olhos abertos
à poeira de mundos invisíveis
os sentidos todos em sóis transformados
vencer o tempo
para que se visitem futuros e passados
sobreviventes dentro do espaço
não mais prisioneiros
livres – livres os seres humanos – do laço
que não enlaça mais o vento
vencer o tempo
para ter o universo inteiro em nosso abraço
como gato enroscado em nosso braço
3.6.2020
(Ilustração: escultura de Anish Kapoor - Cloud Gate - Chicago)
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