15 de out. de 2020

imobilidade

 




deteriora-se a vida na imobilidade

o passo pregado no ar

não marca no asfalto a marca do tênis roto

o grito do cadeirante

não atravessa a parede em gozo contratado

o pássaro noturno

arrebenta as asas no vidro do prédio estúpido

a gota de vinho

pinga na língua seca e estrangula o olho

a calcinha da stripper

entremostra os pelos e não cai mais a seus pés

a porra escorre

depois que o membro murcho destapa seu cu

no beco sem saída os vermes pululam

enquanto a vida se deteriora na imobilidade 




9.6.2020

(Ilustração: escultura de Fernando Botero)

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