21 de out. de 2020

irreverência total

 





não quero mais rimar a lua

com tua pele nua

nem arrumar qualquer treta

com algum moralista

ao pensar em rimar boceta

com uma flor ou mulher

chamada violeta



e mesmo que não resista

em olhar para uma bela bunda

e sentir uma dor profunda

ah poeta – direi eu – vá se foder

e pare de se meter e meter

onde há sempre um cheiro de urubu

se quer mesmo soltar o verso

que comece olhando o próprio cu

e pare de rimar e escrever

pensando uma coisa e dizendo o inverso



solte logo a sua verve

deixe voar ao vento o seu gozo

se uma rima não lhe serve

não ponha a mão no fogo

escreva sempre o que lhe vier à telha

sem rima – sem métrica – sem sentido

e se alguém achar que sua poesia não espelha

o que o mundo de hoje anda querendo e pedindo

que vá todo mundo ser fodido

por toda essa porra que veio e ainda está vindo

e se sobrar algum gaiato metido a esperto

a reclamar dessa tua versalhada

diga como aquele idiota do roberto

- que tudo o mais vá para o inferno

com essa porra toda de rima

de decassílabos sáficos e heroicos

que tudo sim vá para o quinto dos infernos

ou para a puta que os tenha a todos parido 





13.7.2020 

(Ilustração: Aleah Chapin - EE.UU. – 1986) 

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