brinco às vezes com as palavras
piadas bobas com um trocadilho fácil
sei porém que estou navegando
muito longe de minha praia
não é meu verso um conjunto
de ocas palavras engraçadinhas
a montanha escarpada de meus poemas
espeta em seus píncaros a tristeza
e escalpela os desencontros da vida
espelha o que sinto o poema
quando mergulha do alto da montanha
para o fundo de um abismo
cujas águas abissais produzem o sal
o sal amargo de vãs tentativas
de compreender os caminhos cruzados
de desencantos e descontroles
nunca antes talvez imaginados
por poetas e filósofos muito mais sábios
que as tolas palavras de meus versos tortos
a buscar o rumo das estrelas
quando em baixo de meus passos
há apenas mundos mortos
25.9.2020
(Ilustração: Piet Mondrian - The Gray Tree, 1911)
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