antes que nos enterre
é preciso enterrá-lo
esse passado que se apresenta
vestido de nuvem e prata
a vida seguiu seus descaminhos
abriu águas de mares mortos
construiu e destruiu as arcas vazias
dos sonhos desnecessários
e das certezas incognoscíveis
e agora que nossos passos se afrouxam
no fim da praia de areias finas
que não volte esse passado
para pregar a última tacha
no pano preto que por acaso
cubra o nosso caixão
13.1.2022
(Ilustração: Dino Valls)
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