24 de ago. de 2017

ESCREVAMOS TODOS POEMAS DE AMOR




(Robin Cheers -  Writing It All Down)







Poetas, meus amigos e amigas,

escrevam, sim, versos de amor,

mesmo que sejam bobinhos,

mesmo que não tenham nenhum valor;

descrevam as brigas,

os amores perdidos, os espinhos

desse sentimento meio besta, que é amar;

não tenham vergonha do beijo

que nunca nos seus lábios vai pousar,

nem do intenso desejo

de estar ao lado da pessoa amada;

sim, meus amigos e amigas poetas,

pontuem da vida a estrada

com versos de paixões secretas,

com versos de amores loucos,

com versos que rompam o desafio

da rima pobre e do pé quebrado,

e tenham sempre ouvidos moucos

para os críticos de plantão;

sim, meus amigos e amigas poetas:

fibra por fibra bata o coração

no elogio da pessoa amada,

na saudade mais desesperada,

na paixão mais desenfreada...



porque, meus amigos e amigas,

prefiro esses versos derramados,

que muitos acham cheios de tolices,

a sermos todos obrigados

a ler diariamente idiotices,

xingamentos, ódios, preconceitos

que desfilam por aí, como pragas,

em textos de maus sujeitos

em convulsões desbragadas,

de maus bofes e maus jeitos,

a dizer mal do mundo e da vida,

como se fossem avatares

da guerra mais fratricida,

a queimar em seus altares

a ilusão mas sentida



se são tolos todos os poemas de amor,

sejamos todos, meus amigos e amigas, também

uns tolos a rimar bestamente amor e dor,

sem ligar para os outros, sem ligar para ninguém,

e escrevamos com sinceridade,

a alma compungida de saudade,

esses nossos tolos, muito tolos, poemas de amor,

que loucos somos todos e se não o somos

que se foda o mundo e seu rancor.


13.3.2013

(Você pode ouvir este poema, na voz do autor, neste link de podcast:

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