28 de ago. de 2017

estiagem





 (Enio Maccazzola -LA SECHERESSE)




na monotonia das tardes de sábado

componho poemas monocórdicos e monótonos

o tempo como o vento a uivar lá fora

ao sol que não aquece a tarde de inverno

monotonia a ser quebrada apenas quando

quebro o verso e anuncio em mim a esperança



não chove



o dia passa e passa e outro dia vem inútil

o vento venta e a nuvem leva para o mar

o anseio em mim de tempos que não ouso

a espera a angústia a monotonia a vida



não chove



a secura do ar nas folhas das árvores murchas

o estranho passar de horas que não passam

desejos apenas escandidos em versos inúteis

das tardes de sábado em monotonia tornadas



não chove



a boca deseja pelo menos o viço de lábios distantes

as águas profundas de desejos agora impossíveis

fontes de amianto e plástico gotejam venenos

e o ar abafado da tarde monótona esfria o sábado



não chove



seco em mim a fonte lacrimal em versos tortos

o amor que não vem na apagada e seca tarde fria

deserto o peito brotam cactos e flores de vento

enquanto espero que a tarde monótona vire noite



não chove


12.8.2017


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