(Enio Maccazzola -LA SECHERESSE)
na monotonia das tardes de sábado
componho poemas monocórdicos e monótonos
o tempo como o vento a uivar lá fora
ao sol que não aquece a tarde de inverno
monotonia a ser quebrada apenas quando
quebro o verso e anuncio em mim a esperança
não chove
o dia passa e passa e outro dia vem inútil
o vento venta e a nuvem leva para o mar
o anseio em mim de tempos que não ouso
a espera a angústia a monotonia a vida
não chove
a secura do ar nas folhas das árvores murchas
o estranho passar de horas que não passam
desejos apenas escandidos em versos inúteis
das tardes de sábado em monotonia tornadas
não chove
a boca deseja pelo menos o viço de lábios distantes
as águas profundas de desejos agora impossíveis
fontes de amianto e plástico gotejam venenos
e o ar abafado da tarde monótona esfria o sábado
não chove
seco em mim a fonte lacrimal em versos tortos
o amor que não vem na apagada e seca tarde fria
deserto o peito brotam cactos e flores de vento
enquanto espero que a tarde monótona vire noite
não chove
12.8.2017
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