31 de jul. de 2018

fragilidade






quando te contemplei adormecida

amada

o leito desfeito como um lugar comum

de nossos delírios e desejos

quando te vi ali entre lençóis o corpo desnudo e flébil

vi em ti a minha própria fragilidade exposta

terrivelmente exposta

em tua carne branca a meus instintos oferecida

e já possuída

e vi o quanto sou eu o elo mais tosco e quebradiço

de uma relação nascida dos teus encantos

e então amada então

minhas asas inertes revelaram meus desatinos

ao sentir na pulsação dos teus seios

que minha desesperança pousara em planícies

há muito extintas e lavadas por lavas e fogo

de um vulcão há tanto tempo adormecido

que a devastação de minha alma

fez de cada estertor de teu ventre o meu túmulo

onde depositei somente o meu desespero

e agora eu sou a teu lado enquanto dormes nua e fértil

a ilha perdida no oceano de vidas sem futuro





11.7.2018


(Ilustração: Alyssa Monks)




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