24 de out. de 2018

poetas mortos






não tem limites

a poesia

na cabeça do poeta



brotam à chuva

resistem à seca

movem-se na água

peixes incautos

voam nos ares

pássaros dissolutos

não se queimam

nem se deixam matar

resistem ao frio

flores de arabescos



não tem limites

a poesia

na cabeça de todos os poetas



por isso

quando leio os poemas de poetas mortos

não lamento que tenham morrido

há pouco ou há muito tempo

ontem num acidente de avião

ou na grécia antiga pela mão de um escravo

só lamento os poemas que morreram com eles





10.10.2018 


(Ilustração: Pierre-Auguste Renoir)


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